Assuntos: O que eu quero, o que a sociedade quer

Marionete: Um objeto controlado
Num mundo onde o dinheiro, ascensão e sucesso profissional são visões comuns entre os cidadãos de uma sociedade capitalista, as escolhas sobre o que cada um deve fazer de sua vida são coisas essenciais para a continuidade social e política dessa sociedade. Apesar da introdução desnecessariamente complicada de entender, o que ela quer dizer é que fazemos escolhas todos os dias, porém certas escolhas sofrem algumas pressões de fora...

Há algum tempo atrás, escrevi um artigo sobre escolha de qual faculdade fazer elencando os principais motivos para se escolher o que fazer da vida. Um dos motivos que coloquei foi a receptividade social, ou seja, o que a sociedade achava que era melhor fazer. Através disso, fiquei pensando muito sobre a influência da sociedade nas nossas escolhas e resolvi convidá-los, meus queridos leitores, a pensar comigo...

Para se colocar uma situação, vamos utilizar uma história hipotética. Pense num garoto que é controlado pelos pais desde a seu nascimento. Em certo momento, o pai do garoto planejou que ele seria um médico, a mãe planejou qual colégio e qual tipo de educação ele teria e a família criou uma expectativa sobre o garoto para ele ser um brilhante ser humano. A sociedade, após o garoto se formar em uma renomada universidade, o condicionou para ser um médico de qualidade em uma rede de hospitais de grande credibilidade. Há algo de errado nessa história? Depende do ponto de vista.

Um dos pontos que se pode destacar nessa história é que, realmente, o garoto (que no final da história não é mais um garoto) está realizado. Afinal, ele se estruturou da forma como ele foi planejado, ele recebeu aceitação social e ele está, repetindo, realizado. Pensando no que a sociedade quis dele, ele fez o certo e o que faria da vida dele a melhor. Pensando nele, o plano de ideia pode mudar um pouco...

O tempo inteiro durante a história o garoto foi condicionado, tanto pela sociedade quanto pelos pais, a ser um médico. Toda a vida dele foi determinada até mesmo antes dele nascer. O pensamento do garoto foi restrito, o garoto foi alienado. Ele não teve o direito de pensar por ele mesmo, ele não teve o direito de obter conhecimento sobre o mundo para que ele pudesse elaborar seu próprio conceito sobre a vida. Esse garoto hipotético é um exemplo perfeito do querer da sociedade, e não do querer de si próprio.

Operários (1933)
Tarsila do Amaral
É muito triste ouvir uma história desse tipo, ainda mais quando estamos tão acostumados a ouvir sobre liberdade e ideologia. Se o garoto tivesse poder de escolha ele até poderia continuar sendo um médico, um pesquisador à procura da cura da AIDS ou um idealizador de projetos de tratamentos contra o câncer, mas se ele tivesse sua mente aberta, sem a pressão social em cima dele, ele poderia ser um físico que criaria uma nova teoria sobre a criação do universo, ele poderia ser um comunicador que difundiria ideais revolucionários ou, ainda, ele poderia ser um trabalhador formal que focaria sua vida no sustento de sua família. Tudo isso pode não parecer tão bom quanto a vida de um doutor, mas privar alguém da liberdade de escolha vai tornar a vida de doutor dele a mais infeliz possível.

Agora você me diz: "Está bem, mas o que que tem de errado ele ser um médico?". Bem, detalhes como profissões diversas e classes profissionais não vão entrar aqui porque não é o assunto do artigo, mas o pensamento social é. Não há nada de errado em ele ser médico se colocarmos a profissão exercida através da medicina no âmbito social: a sociedade precisa de médicos, a sociedade valoriza médicos. Porém, a sociedade pode escolher o que convém a cada pessoa? A sociedade é que tem que escolher a carreira profissional dos indivíduos? Ou cada indivíduo deve ter sua cabeça aberta à todas as possibilidades e ter total liberdade para escolher o que quer fazer pelo resto de sua vida? Questões para, como disse antes, pensar...

Uma vez escrevi no Twitter: "O que é determinado ou o que determina, eis a questão." Cada um pode escolher o caminho que seguirá...

O que você pensa sobre o fato da sociedade escolher os caminhos de cada indivíduo? Deixe um comentário expondo sua opinião!

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