Após um fim de semana inesquecível, cheguei na escola, em plena terça-feira, esboçando reações até antes inacreditáveis. Na verdade, estava voltando aos tempos onde meus amiguinhos de escola eram simplesmente pessoas que estudavam comigo. Enquanto somos pequenos, não olhamos as diferenças das outras crianças e brincamos como se fôssemos amigos de longa data. Com completa certeza, o Segue-me me mostrou o que é a vida.
Logo mais tarde, percebi que minha mudança era significativa mas não era esperada. Lembrei-me de um ato da minha irmã de postar no Twitter e no Facebook que eu sabia falar e me comunicar com pessoas. A surpresa era realmente grande de saber que dentro desse garoto recluso existia uma esperança de que ele poderia ser mais sociável e agradável com os outros. Naquela noite mostrei não só àqueles que desprezavam minhas atitudes de mudar como a mim mesmo que era possível mudar, mesmo que fosse muito difícil.
O primeiro dia de convivência passou. Chegou a quarta-feira e acordei com uma disposição diferente da terça. Eu não havia regredido. Na realidade, esse foi o dia em que percebi que tinha uma outra família me acolhendo e me dando forças para continuar na caminhada pela mudança. Me senti diferente porque não me sentia mais um enche-linguiça, me sentia como se fosse único e especial. Porém um dia só acaba quando chega meia-noite.
A quarta-feira não foi muito marcante, mas determinou o começo do que depois eu chamaria de "patadas". Mudar, diferente do que disseram no fim de semana, é muito fácil. Difícil, porém, é permanecer mudado. Assim como é difícil acostumar a andar na rua porque você já foi assaltado, pra mim começou a ser difícil continuar mudado porque nem todos estavam preparados para a minha mudança. No meu caso, a minha mudança já estava começando a incomodar.
Quando queremos sair da timidez, tentamos de tudo para continuar conversando com as pessoas. Pesquisamos como mudar, conversamos com o já amigos para tentarem ajudar e até fazemos tratamento psicológico. Dada as circunstâncias, a minha mudança foi ainda diferente. Eu simplesmente mudei, não me preparei e nem pesquisei nada. Eu não sabia o que estava acontecendo, e as "patadas" começaram a me desmotivar a continuar mudado. Pessoas que não me ouviam, incômodo por parte de alguns amigos e uma falta de aceitação por parte de todos, tudo isso criava em minha doentia cabeça um sentimento de desprezo pela mudança. Ninguém percebera esse sentimento, primeiro sinal de que isso estava apenas começando...
Assim termina o terceiro capítulo de Simplesmente Mudar, uma série que contará com 5 capítulos. Não perca o quarto capítulo dessa série, um capítulo decisivo para a minha atitude de escrever essa história no SiDiscute. Aguarde...
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