Ainda disposto a enfrentar mais um dia de mudança, acordei na quinta-feira com o mesmo gás dos outros dias. Naquela semana, recebi a notícia de que fui o primeiro e único destaque da minha turma na escola. A empolgação do Segue-Me e essa notícia inesperada fez daquela semana uma das melhores da minha vida. Só não foi a melhor porque teve sete dias.
O passar do dia foi simples, porém a quinta-feira veio a se tornar normal a partir do momento em que comecei a voltar, por intervalos de tempo pequenos em certos momentos do dia, ao estado pré-Segue-Me de sociabilidade. Começava, então, a ficar fácil demais ter atitudes do tipo: "Não vou cumprimentá-lo, ele já sabe que sou antissocial mesmo...". Uma guerra dentro da minha cabeça havia, então, começado. A timidez começava a lançar uma ofensiva fulminante contra o exército aliado da coragem e da confiança, vencendo em todas as frentes de batalha. Parecia uma guerra perdida.
Com a chegada da sexta-feira, meu pensamento começou a dar lugar ao medo novamente. Uma ansiedade iniciava em mim por causa que, no dia seguinte, eu teria uma reunião com o grupo do Segue-Me novamente, a primeira após o encontro. Isso tudo acontecia simultaneamente, o que estragava todo o meu planejamento de aparecer na reunião totalmente mudado e diferente daquilo que viram no fim de semana anterior. Eu não conseguia mais continuar na mudança. Ser ignorado me incomodava, ser criticado por ser diferente também. Tudo conspirava para um fracasso mortal. Mas não fracassei.
Ao chegar no colégio, fui destinado a pagar uma dívida de conversa com meu amigo, a quem prometi bater um papo desde a terça-feira. Ele já estava matando quarenta gatos de curiosidade, me cobrando isso o tempo todo. Ao conversar com ele voltei a lembrar de tudo o que aconteceu naquele espetacular fim de semana. Lembrei de tudo aquilo que me fez mudar e acabei por ouvir: "Cara, você tá mó alegre!".
Após toda essa reviravolta na minha mente, cheguei em casa analisando toda a minha semana. Nas próximas horas eu tinha que estar preparado para encontrar novamente pessoas que esperavam um garoto recluso e medroso, de cabeça baixa para o mundo externo. Eu queria decepcioná-los, mas minha semana não estava ajudando nessa decisão. Mesmo assim, acordei no sábado com total convicção que eles iriam perceber que aquele fim de semana tinha sido, sim, o melhor da minha vida...
Assim termina o quarto capítulo de Simplesmente Mudar, o penúltimo dessa série. Pelo andamento, podemos ter mais capítulos, mas isso vai depender do que se desenvolve nessa história. Não perca, amanhã, aqui no SiDiscute, o último capítulo da saga mais tortuosa da minha vida.
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